Julian Assange, do WikiLeaks, garante que usuários do Gmail e smartphones estão ferrados no que diz respeito à privacidade.
Conforme surgem novas informações relacionadas ao aplicativo Carrier IQ,
mais a situação se complica para o lado das fabricantes e das
operadoras telefônicas norte-americanas. Após as acusações de que o
software estava presente em smartphones Nokia e Apple, nomes como a
Samsung e a HTC também são afetados pelo escândalo.
Segundo uma reportagem do site The Verge,
as duas companhias assumiram que o programa estava presente em alguns
de seus aparelhos, culpando as operadoras pela sua inclusão. A HTC
informou que vai remover o recurso de todos os seus dispositivos, além
de oferecer meios para que os consumidores realizem o processo de forma
manual. Já a Samsung limitou-se a afirmar que não recebe nenhuma das
informações coletadas pelo programa.
Tentativas de se distanciar do problema
A Apple também procurou limpar sua imagem ao afirmar que o Carrier IQ teve suas funcionalidades removidas de todos os dispositivos que contam com o iOS 5. Porém, a empresa não deixou claro quais de seus produtos acompanharam ou ainda acompanham a ferramenta de espionagem.
A Google declarou que não tem nenhuma ligação direta com a
ferramenta, afirmando que todos os dispositivos com a marca Nexus estão
livres de sua ação. A empresa esclareceu que, como o Android se trata de
uma plataforma aberta, não tem como controlar ou se responsabilizar por
todos os aplicativos desenvolvidos para o sistema.
Embora nenhum dos aparelhos fabricados pela HP, Research In Motion ou
Microsoft tenham sido vítimas de acusações, ambas as empresas
declararam que seus sistemas operacionais proprietários estão livres da
influência do software.
Aplicativo polêmico
Em um pronunciamento à imprensa divulgado pelo site The Guardian,
o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, não mediu palavras ao falar
sobre o escândalo. Segundo ele, “a realidade é que companhias de
inteligência estão vendendo, agora mesmo, para países ao redor do mundo,
quantidades massivas de sistemas de vigilância”. Assange complementa
afirmando que qualquer dono de smartphone ou usuário do Gmail “está
ferrado” no que diz respeito à sua privacidade.
Em uma declaração ao site AllThingsD,
os responsáveis pelo Carrier IQ declaram que o aplicativo em nenhum
momento atua como um keylogger. Eles afirmam que o software simplesmente
analisa as teclas digitadas em busca de combinações muito específicas,
como aquelas correspondentes a determinados problemas técnicos, em
nenhum momento armazenando mensagens pessoais ou textos dos
consumidores.
A empresa afirmou que o produto só armazena e envia para as
operadoras dados referentes à qualidade das ligações, quantidade de
bateria e problemas de desempenho dos aparelhos. O vice-presidente de
marketing da empresa, Andrew Coward, afirmou que tais informações são
importantes para que as operadoras saibam de eventuais problemas na
rede, podendo assim melhorar a qualidade geral de seus serviços.
Reação das autoridades
A polêmica provocada pelo Carrier IQ provocou reações no senado norte-americano. Al Franken,
presidente do subcomitê de Privacidade, Tecnologia e Lei deu prazo até
14 de dezembro para que companhias como a Sprint, HTC, Samsung e
AT&T esclareçam o que faziam com as informações coletadas de seus
consumidores.
Embora a investigação inicialmente fosse se concentrar somente na
responsável pelo software, a empresa enviou ao senador uma mensagem em
que afirmava que cada uma das fabricantes realizava modificações
próprias no software antes de instalá-lo.
Descubra se você é uma vítima
Quem deseja saber se o Carrier IQ está presente em seu aparelho não
precisa quebrar a proteção do dispositivo nem ser um especialista em
informática para isso. Quem possui um smartphone Android precisa
simplesmente realizar o download do aplicativo Voodoo Carrier IQ detector,
capaz de identificar a presença do programa espião. Já quem usa outros
sistemas operacionais portáteis ainda terá que esperar pelo surgimento
de ferramentas específicas para seus dispositivos.