Esse tem sido considerado pelo mercado o emprego mais quente em tecnologia da informação atualmente. Veja dicas para seguir essa carreira.
Puristas em tecnologia podem tremer o que poderá ser a vingança dos ternos. O motivo? Vinte e três por cento das companhias entrevistadas pelaCOMPUTERWORLD americana na pesquisa Forecast 2012 disseram que planejam contratar profissionais com capacidades analíticas nos próximos 12 meses. No ano passado, apenas 13% responderam que buscariam esse tipo de talento.
"Analista de negócios de TI" também foi classificado no ano passado pela revista Money Magazine como uma das top 12 carreiras para seguir. De acordo com a publicação, o salário médio para essa posição é de 83,1 mil dólares nos Estados Unidos. A partir de 2011, os salários aumentaram 1,4%.
Enquanto a tecnologia pura está praticamente em declínio - os administradores de banco de dados, programadores e desenvolvedores da web também figuram na lista da Money Magazine - os analistas de negócio estão sendo vistos por mais e mais empresas como uma função essencial. "É um dos papéis mais importantes em tecnologia da informação", diz Allen Hackman, diretor sênior de TI no Tyco International, empresa de segurança.
A ascensão do analista de negócios reflete as mudanças no mundo de TI, diz Hackman, que afirma que a popularidade do software como serviço (SaaS) e da comoditização da tecnologia em geral têm feito analistas de negócios mais importantes. "Você não precisa de TI para implementar Salesforce.com, por exemplo", observa.
"Mas como posso aplicá-la, como faço para atender a minha necessidade de negócio, como faço para levar as pessoas a usá-lo? Essas são perguntas que devem ser feitas ao analista de negócios”, esclarece. "O que o departamento de TI realmente precisa é de um analista de negócios", observa.
Para ele, CIOs e gerentes de TI têm de mudar a mentalidade sobre analistas de negócios. "A antiga visão do analista júnior era alguém que iria tomar notas e fazer uma ordem detalhada do negócio, construir uma lista de materiais para um projeto etc", diz Mark P. McDonald, analista do instituto de pesquisas Gartner. “Agora, o analista de negócios ganha um papel de alto solucionador de problemas.”
O que mudou desde os tempos do analista júnior que tinha papel de anotador? McDonald pontua três alterações:
1. As organizações enfrentam questões mais complexas, e a TI deve ajudar a empresa a desenhar vários tipos de tecnologias para resolver os desafios de negócios.
2. TI está se tornando cada vez mais comoditizada e mais terceirizada, e como isso seu principal valor para a organização torna-se analítico e não mais processual. TI precisa agora mostrar ao negócio que pode alavancar a tecnologia de forma estratégica, elevando o papel do analista de negócios.
3. Ao contrário do resto da TI, analistas de negócios estão diretamente relacionados às unidades de negócio, mesmo que reportem às de tecnologia da informação. Analistas, portanto, são muitas vezes vistos como as principais fontes de conhecimento de TI na organização e tipicamente deverão ter habilidades sociais e de comunicação, diz McDonald.
Como resultado, concorda Hackman, analistas de negócios estão ganhando terreno nas companhias. "Você não pode terceirizar o conhecimento, a estratégia e o pensamento crítico", diz ele.
O que faz um bom analista de negócio?
E, afinal, quais credenciais essa figura deve ter? A Clorox espera que seus analistas de negócios sejam capazes de ajudar a criar requisitos do projeto olhando sob a óptica de negócios, escrevam cenários de teste e planos, gerenciem projetos, possuam conhecimento suficiente técnico para trabalhar bem com os desenvolvedores e levem conhecimento do negócio para os projetos de TI.
Não é o conjunto típico de habilidades do desenvolvedor, observa Linda Martino, vice-presidente de envolvimento com os negócios e entrega de aplicativos da Clorox, empresa de bens de consumo. Linda gerencia 30 analistas de negócios na Clorox. Ela diz que é mais comum na Clorox que os analistas vejam enxerguem a óptica dos negócios e aprendam com a TI.
Muitos deles eram "superusuários", pessoas que já trabalhavam de forma confortável com a tecnologia que ficaram ainda mais interessados em TI e queriam fundir seus conhecimentos do negócio com a habilidade técnica. "Eles chegam a se tornar especialistas e ajudam a empresa a conquistar seus objetivos”, observa Linda.
Quando se trata de decidir onde os analistas devem se encaixar organizacionalmente, Linda acredita que é aconselhável para as empresas posicioná-los no departamento de TI, mesmo que consumam um bom tempo atuando na unidade de negócios. Uma razão para isso é que eles não podem ter um plano de carreira no lado do negócio, outra é a segurança do emprego.
Hackman diz que na Tyco ele conta com seis analistas de negócios. Eles fazem parte da equipe de TI, embora trabalhem alinhados aos negócios. O executivo afirma que eles funcionam como gerentes de projeto, servindo como ponto de contato para a solução de problemas de negócios e muitas vezes a execução do projeto.
O que os analistas querem? Variety
"Estou desenvolvendo muitos projetos e gosto de trabalhar com eles. Eu preciso de estímulo externo e resolução de problemas”, diz Kermit M. Smith, analista sênior de desenvolvimento de soluções no Carondelet Health Network/Ascension Health, provedora de TI que opera rede de hospitais.
Ao longo de sua carreira, Smith atuou entre TI e negócios. Atualmente, o executivo está trabalhando em um projeto eletrônico de registros de saúde que envolve a transferência de dados legados de dez anos para um novo sistema.
Segundo ele, a maior de seu trabalho é ter certeza de que o sistema vai realmente ser usado por todos os profissionais de uma entidade de saúde. Para atingir esse objetivo, Smith consumiu um tempo para descobrir como ajustar o sistema por isso é mais útil e eficaz. A área voltada para diabetes, por exemplo, tem necessidades específicas, e algumas das telas do sistema têm de atender a essas necessidades ou então os profissionais vão criar barreiras para utilizar o sistema.
“Às vezes queremos complicar as coisas, quando tudo o que eles querem é cinco telas e um gráfico", admite Smith. "Um analista de negócios deve ter certeza de que estão liberando as informações corretas para os usuários certos e entender quais são suas necessidades."
O que um analista entrega? Perspectiva
No Northwest Exterminating, empresa norte-americana que atua no controle de pragas, o diretor de TI Matthew Metcalfe emprega um analista de negócios em tempo integral, mesmo que a organização seja pequena, com apenas três funcionários e alguns consultores de TI para apoiar cerca de 330 empregados.
Há quase um ano, Metcalfe contratou Amy Logan para atuar na área de negócios da companhia. A profissional era responsável pelo suporte de vendas, especificamente para auxiliar no gerenciamento de projetos de software. Agora, Amy trabalha do lado empresarial para estabelecer requisitos para projetos.
“Amy circula bem nas unidades de negócios e identifica os problemas que temos no software”, diz Metcalfe. "Ela vai até lá e nos aponta diversas melhorias que podem ser aplicadas”, completa.
McDonald, do Gartner, diz que muitas vezes analistas de negócios vêm de infraestrutura operacional e funções dentro de TI e os benefícios para ambos os lados podem ser inúmeros.
Analistas de negócios eficazes aproximam TI dos negócios, identificam seus problemas e sugerem uma solução. Esse profissionais ajudam TI, adicionando conhecimentos sem a aquisição de infraestrutura. “Se suas contribuições forem aplicadas de forma adequada TI, a companhia ganha capacidade de agregar valor muito rapidamente", diz McDonald.
Considerando todos esses benefícios, diz ele, não é de se admirar que ambos os lados considerem o analista de negócios o trabalho mais popular na área de TI agora.
Cinco dicas para gerenciar TI por meio de analistas de negócios
1. Como você deve gerenciar o analista de negócios? "O mais importante é tentar mantê-los desafiados", diz Allen Hackman, diretor sênior de tecnologia da informação da Tyco International.
2. Concentre-se nas habilidades das pessoas. O analista de negócios precisa desenvolver um forte relacionamento com os usuários, para que eles o consultem desde o início de um projeto. Mas não se esqueça de tecnologia.
3. Proponha treinamentos com as unidades de negócios. Na Clorox, analistas de negócio podem participar de conferências sobre a coleta e a documentação de requisitos do projeto, mas também assistir a conferências que os empresários em suas especialidades participam, diz Linda. Da mesma forma, os analistas de negócios da Tyco participam de ambos os eventos de formação, como aulas de gerenciamento de projetos ou certificação PMI e palestras específicas do setor.
4. Mantenha o diálogo. A Clorox patrocina o que chama de "comunidades de prática". São equipes que se reúnem regularmente para discutir as melhores práticas, modelos e ferramentas com as pessoas que têm empregos semelhantes e a comunidade analista de negócios é uma das mais ativas, diz Linda.
5. Considere cross-training. A Clorox também começou a utilizar essa estratégia para que os analistas possam trabalhar em todos os departamentos. A meta da empresa não é somente manter os analistas interessados, mas também ser mais flexíveis em sua capacidade de atender às necessidades de negócios.